sábado, 5 de setembro de 2020

Mensuração do Custo de Vida em Angola: Inflação Versus Salários





RESUMO

 

O custo de vida em angola, para além de outros factores, ultimamente tem sido condicionado por uma inflação pelos custos que eleva os custos de produção, contraindo o PIB, ocorrendo uma inflação de demanda, em que a procura global de bens e serviços superou a capacidade produtiva da economia. Uma situação desse tipo, não controlada, levou com que os preços aumentassem, o que fez com que os salários também aumentassem posteriormente, já que os dissensões são calculados com base na taxa de inflação.

Com os salários aumentando, o consumo deve aumentar, a demanda agregada eleva-se; como a oferta agregada não pode responder (pois está em pleno emprego de factores), ocorre novo aumento de preços, e o processo perpetua-se, se o governo não intervir, com uma política de estabilização de preços.

Uma das outras causas da inflação foi o aumento da emissão de papel-moeda, para cobrir gastos do estado. Quando isso aconteceu, houve maior volume de dinheiro em circulação, embora não tenha havido aumento de produção, exigindo maior quantidade de dinheiro para adquirir a mesma quantidade de produto.

 

 

 

 

 

 

Palavras-Chaves: O custo de vida em angola, inflação, PIB, capacidade produtiva.

 


ABSTRACT

 

The cost of living in Angola, besides other factors, has recently been conditioned by inflation for the costs that elevates production costs, contracting GDP, occurring demand inflation, in which global demand for goods and services exceeded the productive capacity of the economy. Such a situation, uncontrolled, led prices to increase, which caused wages to also increase later, as dissensions are calculated on the basis of inflation.

With wages rising, consumption must increase, aggregate demand rises; as aggregate supply cannot respond (as it is in full employment of factors), new price increase occurs, and the process perpetuates, if the government is government do not intervene, with a price stabilization policy.

One of the other causes of inflation was the increase in paper-currency issue, to cover state spending. When this happened, there was greater volume of money in circulation, although there was no increase in production, demanding more amount of money to purchase the same amount of product.

 

 

 

 

 

 

Keywords: The cost of living in Angola, inflation, GDP, productive capacity.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Neste artigo científico faremos a Mensuração do Custo de vida em Angola: Inflação versus salários, esses que actualmente são os dois males da sociedade angolana, mas as nossas análises estão limitadas entre os anos de 2016 á meado de 2020 e explicaremos minuciosa.

Um dólar (590 kzs) nos dias de hoje, não compra tanto quanto comprava há vinte anos. O custo de quase todas as coisas aumentou. Esse aumento no nível geral de preços é conhecido como inflação, e é uma das principais preocupações dos economistas e dos formuladores de políticas.

Um índice de preços é uma media ponderada dos preços de um cabaz de bens e serviços[1]. O indicador mais frequentemente utilizado para o nível de preços é o índice de preços ao consumidor (IPC). O índice de preços ao consumidor é um indicador de inflação observado minuciosamente. Os formuladores de políticas no Banco Nacional de Angola (BNA) monitoram o IPC ao elaborar as políticas monetárias. Além disso, muitas leis e contratos do sector privado possuem cláusulas que consideram o aumento no custo de vida, e o IPC é utilizado para realizar ajustes nos contratos em decorrência de variações no nível de preços. Por exemplo, níveis salariais, os benefícios da seguridade social, etc.

Metodologia

Este artigo está baseado em um estudo em método de observação que construíram teorias que na qual explicamos o que é observado. Método de interpretação, pois esse consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições que estão apoiadas na análise da produção do espaço.

A pesquisa bibliográfica foi necessária para elaboração do texto, na qual foram utilizados fontes e autores que pesquisaram sobre inflação e salário. Também foi fundamental a realização de uma pesquisa documental, para o levantamento de dados, feita em órgãos, bem como nos sites oficiais.

Nos apoiamos ainda mais em outros métodos como estatístico e comparativo que ajudaram-nos na qualificação de informações, delimitação das conclusões que se tornaram verdadeiras.

 

CAPÍTULO I- MENSURAÇÃO DO CUSTO DE VIDA EM ANGOLA: INFLAÇÃO VERSUS SALÁRIO

 

Com a crise financeira e económica mundial registada no ano de 2014, o quadro económico de Angola mudou drasticamente através de uma Inflação pelo Custo que acelera as elevações dos custos de produção, especialmente das taxas de juros, câmbios, salários ou dos preços das importações.

Nos anos de 2016, 2017, 2018, 2019 a Julho de 2020 com a inflação respectivamente de 42%, 23%, 18,6%, 16,9% e 13,88%, segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O pico da Inflação em Angola nos últimos anos registou-se em Julho de 2016, quando, no espaço de um mês, os preços registaram um aumento médio de 4%, com a Inflação acumulada de 42% com Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN)[2].

Na elaboração do Orçamento Geral do Estado os erros tem sido constantes quanto as previsões da inflação que são influenciadas pelo aumento dos preços dos sectores Bens e Serviços, Habitação, Água, Eletricidade e Combustíveis, Vestuário e Calçados, Lazer, Recreação e Cultura.

A pergunta que não quer se calar, o que desencadeou os níveis altos de inflação na Economia angolana?

Sabemos, que, no curto prazo, é a interacção entre a oferta e a procura agregada que determina as flutuações cíclicas, a Inflação, o desemprego, recessões e expansões. Mas no longo prazo, é o crescimento do produto potencial através da oferta agregada que explica a tendência do produto e dos níveis de vida.

Nós como Consumidores simplesmente interpretamos a inflação como aumento no preço dos produtos e nos esquecemos do nível de actividades da indústria, a dívida pública e o mercado externo. Com a economia em recessão exerceu uma força coativa ao Banco Nacional de Angola (BNA) a produzir mais dinheiro para poder arcar com suas obrigações internas. Em caso específico, a elevação nos custos de aquisição de bens (inflação de custo) causada pela escassa disponibilidade de divisas no país também contribuíram para subida geral dos preços no mercado e a consequente perca de poder de compra. A inflação acarreta distorções principalmente sobre a distribuição de renda, expectativas empresariais, mercado de capitais e sobre o Balanço de Pagamentos.

Com a perca de poder de compra os sindicalistas dos trabalhadores exigiu as autoridades governamentais a adopção de medidas económicas, tais como aumento e proteção salarial. As autoridades governamentais cederam as pressões, aumentando assim o salario mínimo nacional para o sector privado nas cifras dos 30 porcento, passando dos 16.503 para 21.454 kwanzas no Sector da Agricultura, 26.817 kwanzas do Comércio e da Industria Transformadora e 32.181 kwanzas para os do Comércio e Industria Extractivas com o Objectivo de garantir a estabilidade e o equilíbrio no poder de compras das famílias.

 

I.1 O Risco do Aumento Salarial numa Economia com a Produtividade Constante

A crença de que os sindicatos podem elevar substancialmente os salários de toda população que trabalha é uma das grandes ilusões da época presente. Essa ilusão resulta, principalmente, da falha em não se reconhecer que os salários são, basicamente, determinados pela produtividade do trabalho[3]. E quando não acontece o aumento na produtividade mas elevasse os salários desencadeia uma maior procura de bens e serviços que não será correspondido pela oferta no mercado por manter-se constante os níveis de produtividades, e as famílias comprarão os mesmos produtos mas em preços altos.

Apos o reajuste salarial invés de vermos os nossos problemas económicos resolvidos, arranjamos outro, que chamamos de “mais gastos governamentais” se a economia não produz, obrigará ao Estado obter dívidas ou emitir mais moeda para arcar com as despesas públicas que veem acompanhado pelos males da sociedade angolana: inflação e aumento salarial.

Não somos contra reajuste salarial, mas foi um erro aumentar o salario mínimo acima da inflação sem ter um aumento na produtividade, a procura agregada aumenta mais rapidamente do que o potencial produtivo da economia, fazendo subir os preços para o equilíbrio do mercado, deixando as famílias numa ilusão monetária.

 

I.2 Ilusão Monetária das Famílias

Com o reajuste do salario mínimo nacional, as famílias passaram a pensar, com o dobro do salario que têm poderia comprar o dobro de bens. Mas as conclusões foram óbvias, o governo simplesmente contraiu dividas e emitiu maior quantidades de dinheiro e distribuiu a população. Mas a produtividade mantem-se constante enquanto a procura de bens e serviços aumentou.

Os inflacionistas veem, apenas, no dinheiro aumentado, o meio de aumentar o “ poder aquisitivo” de todo mundo, no sentido de possibilitar a todos a compra de maior quantidades de mercadorias do que antes. Mas esquecem que pessoas, colectivamente, não podem comprar o dobro de mercadorias que compravam antes, a menos que também produzam o dobro das mercadorias[4].

Com o reajuste salarial, no curto prazo, induziu a subida dos preços, devido aos fenómenos da “ilusão monetária” e da “armadilha de liquidez”. Com o aumento da massa monetária em circulação, os agentes económicos vão ter a propensão de quer comprar mais, com a produção constante, induziu o aumento do preço.

Agora vamos perceber a variação salarial que induziu a ilusão monetária, em 2016 quem exercia o cargo de direcção e chefia na função pública, auferia 179.000 kwanzas de salario, e dedicava 40.500 kwanzas para cesta básica que tem um peso de 22,6% do seu rendimento mensal. Em 2018 o seu salário é reajustado para 250.000 kwanzas, mas como a curto prazo a produção é constante, a procura de bens e serviços aumenta, e os produtores são incapazes de dar resposta as quantidades demandadas, para ter um equilíbrio entre a oferta e a procura agregada, os preços no mercado sobem, a cesta básica sai dos 40.500 para 84.000 kwanzas tendo uma inflação acumulada nos 5 anos (á actualidade) de 107% sobre a mesma. Com salario de 250.000 kwanzas passas a gastar 33,6% do seu rendimento mensal na cesta básica que noutrora gastavas 22,6%, isso quer dizer que, em termo de renda nominal as famílias estão mais ricos, mas em termos de renda real estão mais pobres.

Há renda nominal, quando o índice de preços se eleva, e a renda real reduz. Ou seja, há uma relação inversa entre índices de preços e renda real.

Analisando o impacto do aumento salarial, numa economia dependente, torna-se complicado estabilização de preços, porque a nossa economia é maioritariamente importador de bens e serviços que vem sido condicionados pela aquisição de divisas disponibilizadas a um câmbio flutuante, desta forma deixa-nos dizer que quando um governo decide aumentar a massa monetária, deve levar em consideração a produção nacional caso contrario teremos dinheiro para continuar a comprar os mesmo produto, e em curto prazo o mercado irá sugar esse excedente monetário com a inflação.

  

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Deixar que os decisórios políticos tomem decisões económicas, pois essas virão com instabilidade económicas porque os mesmos visam defender as suas ideologias, mas deixar esse papel preponderante aos verdadeiros especialistas, para que, qualquer aumento salarial seja resultado do aumento da produção, e não haja contrição aos privados, que alargou-se a contribuição sobre o remuneração para segurança social que está apertar ainda mais o salário do privado, tendo como consequência o desequilíbrio no custo de vida.

Para formularmos o desenvolvimento e o crescimento económico, devemos apostar no sectores primários (agricultura, pesca, avicultura, apicultura…), secundário (industrias, infraestruturas…) e terciários (serviços), para que haja apreciação da moeda nacional, dando fim na pressão ascendente nos preços dos consumidores, culminando com as exportações e reduzindo assim as importações.

Um dos maiores indicadores que candidatos a empregos procuram, no mundo, em geral, é um salario mínimo, pois que corresponde a melhor expectativa que alguém pode ter na vida olhando a sua projecção social, mas o salario mínimo em Angola está longe de garantir uma vida estável, por não poder satisfazer os desejos da cesta básica.

A lei força o pagamento de salários mais elevados em determinada indústria, esta, em consequência, pode cobrar preços mais altos para seu produto, de sorte que a carga de salários mais elevados passa, simplesmente, para os consumidores.


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

INE, Índice de Preços no Consumidor Nacional, Luanda, 2016

INE, Índice de Preços no Consumidor Nacional, Luanda, 2017

INE, Índice de Preços no Consumidor Nacional, Luanda, 2018

INE, Índice de Preços no Consumidor Nacional, Luanda, 2019

HAZLITT, Henry. Economia Numa Única Lição, Instituto Ludwig von Mises Brasil, São Paulo, 2010

SAMUELSON, Paul A., NORDHAUS, William D. Economia, Eurobooks Editora, Lisboa, 2010

VASCONCELLOS, Marcos António Sandoval de, Economia Micro e Macro, Editoras Atlas, S/L, S/D

WEBGRÁFIA

MACHADO, Isabel Pinto. "Angola: Inflação 40% aumento salariais entre 5% e 15%. Disponível em <https://www.rfi.fr/pt/angola/20170420-angola-inflacao-40-aumentos-salariais-entre-5e-15>. Acesso em 20 de Abril de 2018.



[1] SAMUELSON, Paul A., NORDHAUS, William D. Economia, Eurobooks Editora, Lisboa, 2010, pp. 402-403

[2] INE, Índice de Preços no Consumidor Nacional, Luanda, 2016-2019

[3] HAZLITT, Henry. Economia Numa Única Lição, Instituto Ludwig von Mises Brasil, São Paulo, 2010, p. 141


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